sábado, 31 de outubro de 2009

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Só dá "Broeiro" !!! É aproveitar !!!

Filmes dos ultimos 3 mergulhos realizados no Cabo da Roca, mais precisamente na "Baixa do Broeiro", com os canhões em destaque e no novo spot "baptizado" de "Quilhas do Broeiro".

"Baixa do Broeiro"






"Quilhas do Broeiro"



Localizado a Sudeste da "Baixa" é um local a explorar.
É um conjunto de pedras baixas, dispostas perpendicular á linha de terra, formando vários "caminhos" de fundo em areia e pedra solta.
Tem muita reentrancia que abriga muita variedade de vida.
Com uma profundidade entre os 22 e os 25 metros é um dos locais possiveis para encontrar alguma pista ou vestigio que ajude na identificação dos canhões situados na "Baixa do Broeiro", já que se encontra no seguimento da Baixa, no sentido da corrente.

O mergulho foi bom, com boas condições quer de mar quer de visibilidade mas não foi encontrado qualquer vestigio.

Os filmes foram realizados, editados e publicados pelo Pedro Ribeiro da Cunha.

sábado, 17 de outubro de 2009

Filme "The End of the Line"















Site oficial do filme "The End of the Line"

Mais um excelente documentário sobre um assunto que diz respeito a todos nós.

O filme "The End of the Line" será exibido no dia 16 de Novembro ás 18 horas na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Após o filme haverá debate com o realizador Charles Clover e Cesar Deben da DG Mare ( Comissão Europeia )







Já este ano, em Setembro, houve uma iniciativa pela primeira vez em Portugal, com uma semana inteiramente dedicada aos Tubarões e ao seu cada vez maior risco de extinção devido á acção humana.
A exibição do filme "Sharkwaters", por todo o País foi um dos momentos mais importantes dessa iniciativa.




















Site oficial do filme "Sharkwaters"

O assunto da pesca excessiva é cada vez mais debatido e analisado por organizações Internacionais como a Greenpeace

Greenpeace Portugal

Agora, com o filme "The End of the Line" é importante a sua divulgação e uma grande adesão.

É importante a consciencialização de que este é um assunto que diz respeito a todos !!

Não temos o direito de deixar um deserto aos nossos filhos !!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

"Naufrágicos Anónimos" - Parte 2















Já são muitos, espalhados por esse mundo, os mergulhadores que se dedicam a pesquisar Naufrágios e a registar os resultados das suas pesquisas.
De forma algumas vezes amadora e maior parte das vezes financiada pelo próprio, tenta-se ser o mais rigoroso e fiel aos factos históricos. Os registos fruto desse trabalho são divulgados em blogs, sites, livros ou artigos de revistas e demonstram não só muitas horas de trabalho mas tambem o gosto que se tem em todas as fases que um projecto como esse envolve.
A publicação e escrita do trabalho final é sempre a ponta de um enorme iceberg…
Por todo o mundo existem muitas fontes de consulta desde bibliotecas, colecções particulares até sites com imensa informação.
Era impossivel aqui referir todos, mesmo porque, por mais impressionante que pareça, todos os dias surgem sempre mais, principalmente sites e blogs o que evidencia também o interesse que este assunto desperta.















O que leva um mergulhador a gostar de naufrágios não têm uma resposta unica e haverá sempre mais uma.
Há a parte histórica que todos os barcos encerram, o drama que qualquer afundamento envolve, as vezes sem conta que fomos e somos encantados por histórias de piratas e tesouros e o desejo recondito de "um dia serei eu…" apesar da consciencia, que implícita a um possivel descobrimento, protegido por leis e burocracia cada vez mais necessária, a riqueza material será pouca e a responsabilidade certamente inversa. Não importa ! Ficará para sempre gravado na história o seu nome, ligando-o, a algo maior e que no limite poderá estar ligado á História Universal.
Talvez a razão mais simples seja também uma questão dos nossos tempos. A actividade humana excessiva a todos os niveis reflete-se de forma inrecuperavel nos Oceanos. Locais que á cerca de uma dezena de anos fervilhavam de especies e de vida, hoje dificilmente se avistam grandes exemplares e a variedade de especies não será mais que uma dezena das mais adapatveis ou resistentes á nossa predação descontrolada, uso excessivo de recursos limitados e falta de respeito ambiental.















Para um mergulhador nada é mais desolador do que constatar que muitos dos spots de mergulho são actualmente desertos.
Contrariando esta tendencia, todos os naufrágios servem como recifes artificiais para a fixação e desenvolvimento de muitas e variadas especies, que aqui encontram alimento, abrigo e protecção inclusivé do homem. Não há pescador que não tenha perdido as redes por esses naufrágios espalhados. Aliás, ainda hoje uma forma de possivel detecção de um naufrágio é através dos registos e relatos de pescadores que perderam as suas redes em locais identificados nas sondas como de peixe abundante e que afinal escondem também algo onde as redes ficam presas.
Maior parte dos naufrágios são hoje oásis de vida e locais onde é tão abundante e variada que faz do local onde está o naufrágio um dos melhores sitios para se encontrar vida.
Estranho paradoxo para um local muitas vezes associado a grandes e trágicos acidentes.
Em muitos locais do mundo são afundados deliberadamente, por empresas especialmente dedicadas a esse negócio e depois de devidamente preparados para que tenha o minimo de impacto e influencia no meio marinho onde ficará inserido. Como é obvio, não há soluções 100% fiaveis,mesmo com todo o trabalho de limpeza e remoção de substancias poluentes.
Desde aviões 737, carruagens de comboios, até grandes navios de guerra descomissionados ou obsoletos, sendo um porta-aviões o expoente máximo, ao longo dos anos têm sido varios os exemplos por esse mundo fora.











http://www.digitalwavelabs.com/oriskany/

http://www.cdnn.info/industry/i040124/i040124.html


Há variados estudos interessantes sobre a evolução da fixação de vida nestes locais, assim como estudos relacionados com a procura pelos mergulhadores destes locais e o numero de anos que demora o investimento a ter retorno e gerar lucro para as empresas que resolveram também investir neste tipo de negócio.
Infelizmente ainda nem todos os governos reconhecem esta forma de atrair turismo e capacidade de gerar mais negócio, mas acredito que faltará muito pouco para essa situação se inverter.
Em Portugal existem dois casos de sucesso garantido. O navio IPIMAR em Faro, Algarve e o "Madeirense" em PortoSanto, Madeira, que considero ainda hoje o melhor mergulho efectuado em aguas Portuguesas.

http://www.artificialreef.bc.ca/

As próprias agencias internacionais de formação em mergulho reconhecem, apoiam e incentivam a criação de variados projectos ligados á protecção dos naufrágios criando e divulgando programas especificos a quem pretender "adoptar" um naufrágio, quer a nivel individual como em grupo ou associação.
Em Portugal, com a reorganização dos organismos oficiais ligados á Arqueologia Nautica e Subaquatica, espera-se que um dia seja dado o devido valor e apoio a quem pretende investigar o rico e vasto património subaquático, protegendo-o assim realmente. Muita água há para navegar nesse caminho…
Projectos de afundamentos de navios continuam encravados nas burocracias e organismos. Fala-se á anos da execução desses projectos…
Ou seja, interesse a todos os niveis existe, desde mergulhadores amadores com real interesse no assunto a empresas de mergulho dispostas a investir.
No caso da Arqueologia, com a Subnauta a reactivar a formação em cursos NAS, alguns desses mergulhadores estarão certamente interessados em iniciar ou avançar na sua formação, contribuindo para dinamizar esta area, com a possibilidade de participar em projectos que poderiam ser criados, á semelhança do que acontece em outros Paises.
Apenas falta um real interesse e motivação de quem pode criar as condições necessárias, quer á dinamização, quer desbloqueando ou acelerando todo o processo.










Até lá, de uma forma dispersa e individual vão surgindo iniciativas que serão sempre mal aproveitadas, perdendo-se a oportunidade e desmotivando todos…algumas vezes de forma definitiva.

http://uneepaveraconte.net/english/index.htm

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Cabo da Roca - "Broeiro"















Do alto dos seus mais de 150 metros de altura, o farol lá estava… Testemunha e espectador priveligiado do mar que corre aos seus pés.
Imponente presença, muitas vezes ameaçadora para homens e barcos que em dias de tempestade ousam passar perto dos seus contrafortes.
Chegámos cedo.
A viagem de Cascais ao "Broeiro" demora meia hora, passada a contemplar o mar imenso que nos rodeia, aquecidos dentro dos fatos pelo sol que brilha já intenso naquelas horas da manhã.
O mar está invulgarmente calmo. Mais que calmo. Sem vento, sem ondas, alternando a sua cor entre o verde amarelado junto a terra ao azul limpido quando nos afastamos da influencia costeira.
Bons prenuncios, para os dois mergulhos planeados dessa manhã.
Recordo-me de um dos melhores mergulhos que já fiz em Portugal : estavamos em Novembro de 2006 e no "Broeiro", nesse dia, encontrámos mais de 20 metros de visibilidade, agua a 18º C e as restantes condições ideais para um mergulho inesquecivel.
Nessa data ainda pouco se conhecia no Cabo da Roca e só umas semanas depois é que foram descobertos pelo Francisco Macedo da Extreme Dive, o conjunto de canhões que ficaram a ser conhecidos como os "Canhões da Roca".















Ao chegarmos ao local tivemos de "negociar" o plano de mergulho, porque mesmo por cima da pedra um barco de pesca desportiva já entretinha os seus tripulantes.
Concordámos descer pela pedra e ao chegar no fundo, em vez de seguir pelo desfiladeiro de acesso aos canhões, virar em direcção a terra e explorar alguns dos canyons e pedras variadas que abundam no fundo.
A agua estava limpida e azul, de tal forma que o topo da baixa e algum do relevo mais fundo era perfeitamente visivel de dentro do barco. Começámos ( eramos 4 pessoas a bordo !! ) com as habituais apostas sobre a visibilidade !
Teriamos de mergulhar em trio, o que longe de ser o ideal em termos de segurança, com a experiencia e conhecimento dos buddies João Toco e Pedro Cunha, não seria também razão para qualquer atenção especial. A bordo ficava o Francisco Macedo.
Equipados e na agua descemos os primeiros metros até ao topo da pedra a cerca de 5 metros. Na frente segue o Pedro Cunha, comigo e com o João Toco atrás lado a lado.
A visibilidade é excelente !! Conseguimos ver na horizontal mais de 10 metros e sem qualquer corrente a descida vais ser bastante suave e gradual até ao fundo.
Rodando sempre á nossa esquerda após chegarmos ao topo, "caímos" suavemente pela parede vertical até aos 18 metros, passamos o obstaculo á nossa frente e continuamos a descer no azul até aos 27 metros do fundo.
Como combinado, não entramos no desfiladeiro á nossa esquerda, onde habitualmente reside o cardume de Fanecas e que dará acesso aos canhões.
Viramos á direita e seguimos junto a um fundo coberto de pedra redonda de diversos tamanhos espalhados por cerca de 20 metros. Estamos rodeados por enormes pedras que sobem algumas mais de 15 metros.

Junto ao fundo enquanto o João Toco se entretem em fotografar um nudibranquio da especie "Babakina Anadoni", com o seu padrão de cores bastante originais, duas Abroteas disputam um buraco onde se esconder.
Esponjas de várias especies abundam, destacando-se grandes exemplares de esponjas amarelas.
Continuamos em frente e o fundo mantem-se quase sempre igual. Ladeado por enormes pedras e fundo coberto de pedra.
O tempo não pára. Estamos a meio do mergulho, a meio do ar das garrafas. É necessário voltar e começar a pensar em iniciar a subida.
Voltamos pelo mesmo caminho até ao desfiladeiro e ainda temos tempo de visitar o canhão nº 8.
Não há tempo para mais. Inicio a subida deixando mais abaixo os meus dois companheiros. Subo lentamente pela pedra em frente do "Broeiro" que me leva até aos 12 metros de profundidade.
No topo da pedra, um cardume de Sargos e de Peixe-Porco alimentam-se em cardume.
O topo destas pedras estão completamente cobertas de enormes Mexilhões que servem também de alimento a diversos outros animais. Os Polvos abundam de variados tamanhos, camufulados tentam passar despercebidos.
Já no topo da pedra, o Pedro Cunha informa-me para nos dirigirmos á pedra onde cerca de 40 minutos antes iniciámos este fabuloso mergulho.
O patamar é passado abrigado numa reentrancia da rocha acompanhado de Mexilhões e cardumes de Sargos que passam por cima.

A ideia de explorar a area em redor do "Broeiro" tem como objectivo tentar encontrar mais pistas que ajudem a identificar os canhões que se encontram junto ao seu fundo.
Pelas caracteristicas do fundo na zona em redor, qualquer percepção de uma hipotética pista será um verdadeiro desafio.
As madeiras já desapareceram á muito, apodrecidas e desfeitas pela força do mar. Pedras de lastro usadas pelos antigos navios passam completamente despercebidas no meio de outras pedras sem qualquer ligação.
Os desfiladeiros ladeados por enormes elevações de rocha quase verticais, concentram no seu fundo qualquer pista ou vestigio. Resta ter a sorte e saber em que desfiladeiro poderá estar ( ou não ! ) aquilo que procuramos.
Resta continuar a procurar, aproveitando todos os mergulhos que possam ser feitos no local, especialmente aqueles que são feitos nas condições perfeitas que encontrámos desta vez.


É sempre um local muito especial onde tenciono voltar sempre que possivel.
Sempre que ali mergulho vêm-me á lembrança, não só os excelentes mergulhos que já ali fiz, mas também as palavras do grande poeta Camões :

"Aqui…onde a terra se acaba e o mar começa..." in Os Lusíadas , Canto VIII

Quatrocentos anos depois, para quem ali mergulha, são palavras que fazem todo o sentido constatando que Camões estava certo, mesmo não conhecendo as belezas submersas…!!


Anexo:
Relatório Preliminar sobre o achado dos Canhões da Roca, 2007


Cabo Raso - "Pedra da Arriba"




















Depois do excelente mergulho na "Pedra do Broeiro", de um intervalo de superficie de duas horas feito numa das muitas enseadas abrigadas junto ás arribas da Roca, onde o tempo foi aproveitado para repor energias, passado entre conversas "só para homens", entre anedotas e histórias mais ou menos "picantes".
A boa disposição e espirito descontraido fez o tempo voar.
Estava na altura de nos dirigirmos ao local escolhido para segunda imersão. Teriamos de nos dirigir para Sul em direcção ao Cabo Raso e á "Pedra da Arriba".
Localizada mais afastada de costa, seria o lugar ideal para novo mergulho já que as correntes e o vento de sudoeste, fraco, ajudam a manter a agua limpa da suspensão habitual.
Novamente em grupo, descemos pelo cabo do barco. A visibilidade está pior que no mergulho da manhã.




















Nos primeiros 15 metros a corrente ligeira faz-se sentir, depois tanto a visibilidade como a corrente melhoram significativamente permitindo ver a pedra no fundo.
A formação rochosa parece ser enorme em comprimento. Estende-se mais ou menos perpendicular a terra, comprida e dificil de ver toda a extensão em apenas um mergulho ainda para mais á profundidade de 30 metros num segundo mergulho do dia.
Decidimos seguir para Oeste e ficamos pela zona em redor do cabo de descida.















O tempo máximo não descompressivo é atingido rápidamente e temos de subir. Inicio a subida lenta deixando ainda para trás os meus dois companheiros de mergulho.
Aos 15 metros distingo perfeitamente o inicio da subida do João e do Pedro e as milhares de bolhas exaladas que aumentam de volume sempre a subir até á superficie. Um espectaculo de ver quando as aguas têm aquele tom azul de agua limpida, muito pouco habitual de encontrar nas aguas ao largo de Cascais.















Terminado o segundo mergulho, "perseguimos" novamente o tom azul com que somos brindados em algumas partes daquele imenso Oceano.
Paramos o barco. Apenas com a mascara, mergulhamos a cara e o ferro na proa do barco…paramos de baixar ferro quando deixamos de ver a ancora na ponta. São mais de 25 metros de visibilidade !!
Ainda temos a ideia de fazer uma especie de "mergulho no azul", mas cansados da viagem, dos mergulhos e do trabalho que dava novamente equipar para acabar com o pouco ar das garrafas, acabamos por desistir trazendo apenas a recordação de algumas fotos tiradas a um cardume de Tainhas que entretanto se juntou por debaixo do barco.











São condições excepcionais e muito raras que nos deslumbram por não estarmos habituados a encontrar nestas paragens Continentais.