quinta-feira, 20 de maio de 2010

"Rabo d' Asno", Farilhões, Arquipelago das Berlengas















Faz parte…
Assim como ir a Belém e comer uns pasteis ou chegar ao alto da Serra e inspirar fundo, também faz parte ir ás Berlengas e apanhar mar "para homens"…pelo menos é sempre bom irmos preparados para isso. Se tal não acontecer é bom presságio para tentar a sorte também no Euromilhões.
Faz parte fazer a travessia cavalgando literalmente nas enormes paredes de agua, subindo e descendo cada vaga guiados pela experiencia adquirida ao longo das vezes sem conta que se passa naquele mar que nos separa do paraiso. É como sermos postos á prova pelos Deuses e depois de tamanha provação, recebermos o previlégio de entrar no Paraíso.
Berlengas, Estelas e Farilhões…o nosso destino seriam os rochedos mais longiquos do Arquipelago, para mergulhar num dos melhores spots de Portugal Continental : "Rabo d'Asno".
A ondulação e vento forte de Noroeste não deixavam grandes alternativas. Equipámos dentro da baía dos Farilhões, abrigada das correntes e já equipados esperámos a nossa vez de cair na agua junto ao rochedo.















Depois da entrada na agua, nadamos os metros que nos separam da parede rochosa, com especial atenção para que alguma onda não nos lance de encontro á rocha em cuja base se encontra a gruta e objectivo deste mergulho.
Depois é deixarmo-nos absorver pelo azul até ao fundo a 30 metros de distancia.
Chego primeiro á entrada da gruta e aguardo na entrada pelo João Toco. Aguardamos mais um pouco para sinalizar ao resto do grupo o local de entrada.
A escuridão da entrada é iluminada pelas lanternas. Levamos alguns segundos a habituar a visão ao local e ao espaço.
Uns metros á frente, antes da chegada á galeria, permite-nos ver a saida no outro extremo.
Dentro deste espaço o silencio e a calma são presença que se faz sentir. É extraordinário !! Apetece-me ficar ali um pouco a apreciar a sensação de ausencia de tudo…nem o mar, nem as correntes, nem sequer o ruido se faz notar. Esta ausencia apenas é interrompida pela respiração e exalação de milhares de bolhas que se concentram no ponto mais alto da galeria, tentando apressadamente fugir por todos os meios para a superficie.













Do lado esquerdo lá estava a Abrotea residente, assustada com o brilho da lanterna, algumas Moreias escondem-se da luz e um pequeno Safio aproveita a desorientação de um peixe para atacar…foi por muito pouco que o pequeno peixe conseguiu escapar !
Chego ao extremo da passagem e inverto o sentido. No regresso vou dar mais atenção ás "prateleiras" superiores onde a visão de Lagostas e Lavagantes eram presença habitual…desta vez não avisto nenhum exemplar.
Cruzo-me com uma nova dupla que chegou, trocamos o sinal de OK. Já junto á saida, agora do lado direito a Abrotea encontra-se acompanhada por um enorme cardume de Fanecas com os seus flancos brilhantes e deslocação em cardume.














Voltamos a sair. Temos ainda muito tempo de fundo para aproveitar e o espectaculo oferecido pela famosa parede ainda não tinha começado…
No fundo junto á saida da gruta avistei pelo menos quatro exemplares de Alicia Mirabilis, dispostas quase que geometricamente num semi-circulo. Polvos, Rascassos e cardumes de Sargos fazem parte das especies tambem avistadas.
Estava na altura de subir lentamente aproveitando cada centimetro da parede espectacular até á superficie. As belezas de formas e cores indiscritiveis oferecidas pela variedade de vida que se encontra agarrada á parede surpreende-me sempre que ali vou. Há sempre pelo menos meia duzia de motivos novos em cada mergulho.
Estava terminada esta imersão. O intervalo e o merecido lanche seriam consumidos no porto da Ilha da Berlenga, onde tambem seria preparado o segundo e ultimo mergulho do dia.


"Lagosteira e Cova do Sono"




















Mergulho super facil e onde a profundidade maxima não excede os 10 metros. Optimo para relaxar e para 2º mergulho quando as opções são escassas devido ao vento e á ondulação.
Entrar do lado Este perto do Forte, passar pela passagem da "Lagosteira" e chegar á "Cova do Sono" para aproveitar no maximo 60 minutos de tempo de fundo.
O fundo nesta altura está coberto por algas vermelhas, aproveitando algumas especies para se esconderem por baixo da vegetação.




















É um local extremamente calmo, onde por vezes surgem surpresas.
Robalos, Sargos em cardume, Salmonetes, uma Solha e até uma Dourada foram as principais atracções.
No final dos 60 minutos, tudo aquilo sabia a pouco.
Estava na altura de voltar á superficie e encarar a viagem de regresso. É sempre mais facil o regresso. Ajudados pelas correntes e pela ondulação, cansados mas satisfeitos, chegamos a Peniche.




















Tinhamos ainda a tarefa de descarregar e arrumar todo o material, assim como fazer a viagem de regresso até casa. Cansados mas satisfeitos, falamos da experiencia passada e futura, que incluí certamente muitas mais visitas ao Paraíso, que por aqueles lados dá pelo nome de Berlengas.