sábado, 3 de abril de 2010

Mergulhos em água doce - Mina da Orada















Uma das alternativas para quem "sofre" com falta de azoto no sangue e necessita do prazer que qualquer imersão oferece mesmo quando o mar não ajuda, é realizar imersões em agua doce, aproveitando barragens, lagos, represas naturais ou criadas artificialmente e que no final do Inverno, principalmente dos anos mais chuvosos, estão quase sempre na sua máxima cota, permitindo mergulhos para todas as certificações.
Este tipo de imersões são caracterizadas por factores importantes e que devem ser tidos em conta, sendo a mais importante e comum a qualquer outra imersão a Segurança.
Para se planear com segurança redobrada uma imersão em agua doce, é extremamente importante conhecer ou termos recolhido o máximo de informações possiveis sobre o local.
Um planeamento e preparação atempada da imersão, um breefing com o máximo de informação, profundidades e eventuais riscos ajudam sempre nessa preparação. É também fundamental que todos os mergulhadores tenham consciencia dos riscos e que não haja a menor duvida em relação á imersão que vão efectuar.
Para além desta preparação mais técnica, é também essencial que os mergulhadores se sintam á vontade no ambiente que vão encontrar.
Normalmente são locais em que a temperatura e a visibilidade são muito inferiores ás encontradas no mar. Para quem não esteja habituado poderá ser mais um factor de risco acrescido.
A fauna e flora destes locais é muito especifica, pouco abundante e caracteristica, não deixando muitas vezes de surpreender, suscitando maior curiosidade e admiração.
Em Portugal, com quase 900 km de costa Atlantica, onde há locais que permitem efectuar mergulhos todo o ano, mesmo no Inverno mais rigoroso, os mergulhos em aguas interiores são ainda pouco explorados e conhecidos.
Essa tendencia tem sido alterada com o surgimento de Centros de Mergulho que operam em barragens, oferecendo já uma grande variedade de spots interessantes.
Depois há o resto…
Somos um País abençoado, por enquanto segundo alguns especialistas, em locais com aguas interiores. Locais esses situados de Norte a Sul, do litoral ao interior mais profundo, onde muitos mergulhadores aproveitam e vão realizando os seus mergulhos, dando a conhecer esses locais.















Quando me convidaram para participar num mergulho em pleno interior Alentejano, aceitei de imediato ! Não por saber que o mergulho poderia ser surpreendente em algum aspecto, mas sim por ser num local diferente, na companhia de amigos que não vejo todos os dias e porque estaria, na minha opinião, na melhor Região gastronómica e vinícola do País...
De garantia só tinha a boa disposição e amizade…nos dias de hoje, era mais que suficiente para aceitar o convite. Quanto ao mergulho viria por acréscimo.
A viagem é longa. Três horas separam Lisboa da Vidigueira, contando já com as necessárias paragens. Os kilometros de auto-estrada hoje em dia fazem-se bem…e pagam-se ainda melhor !
Horários combinados em noite de mudança de hora obrigaram a utilização de vários despertadores de backup, já que a alvorada teria de ser obrigatoriamente cedo. Fazer a viagem, o mergulho combinado antes de almoço deixando o resto da tarde para o convívio, regresso no final do dia aproveitando as mais horas uteis de sol.















Encontrámo-nos com o pessoal que subia de Beja, á saida da Vidigueira e dirigimo-nos ao estilo de "casamento" até Orada, onde está localizada a antiga mina já desactivada.
Aí, já alguns dos amigos que tinham saido do Algarve esperavam a nossa chegada, em conjunto com um grupo de Cave Divers de Huelva. O grupo estava reunido !
Boa disposição, dia de sol, a primeira paragem no café-restaurante serviu para um primeiro briefing, improvisado entre um café e dois dedos de conversa com a equipa Espanhola. Dos presentes, eram quem melhor conhecia o local, principalmente a zona das grutas, antigas galerias da mina.

A Mina da Orada está desactivada desde 1971, altura em que parou a extração de minério de ferro.
A industria extratora sempre provocou grandes impactos na paisagem. No caso da Orada, a cratera deixada tem cerca de 80 metros de altura, da parte superior do monte, sendo que cerca de 30 metros encontram-se actualmente submersos, devido a infiltração por lençois freáticos e agua das chuvas. O lago assim formado tem cerca de 100 metros de comprido por cerca de 50 metros na sua maxima largura.
A sua forma lembra um oito, dividindo em dois "poços". Um menos profundo e sem paredes em redor, o outro mais profundo ( cerca dos 30 metros actualmente ) e com uma parede onde ainda hoje se encontram alguns tuneis das antigas galerias.
A ideia deste mergulho era ter uma visão geral da area submersa. Do local onde deixámos os carros até á entrada na agua temos de descer cerca de 40 metros de uma rampa que só permite o acesso a pé.
















Chegados junto ao lago, há pelo menos 3 locais que permitem o acesso á agua. Logo que se entra na agua, 1 metro á frente e temos já uma profundidade consideravel.
A entrada completamente equipados é assim fundamental.
Na zona mais baixa, até cerca de 3 metros de profundidade e escondidos nos juncos, podem ser vistas algumas Carpas juvenis que aproveitam a vegetação para se camuflarem e passarem despercebidas.














Alguns Achegãs podem ser vistos também, mas estes, ao minimo sinal de perigo desaparecem imediatamente a grande velocidade.
Chegados ao poço mais fundo, muda a paisagem. Escarpas de rocha a pique até atingirem o fundo, troncos velhos apodrecidos e lodo que cobre tudo com uma camada escura por baixo, devido ao pó da antiga extração e amarelo por cima dos depositos de sedimentos após terem ficado submersos.
A temperatura ronda os 14º C aos 13 metros e a visibilidade varia entre os 6 e os 0 metros, caso não se tenha muito cuidado !!











As antigas galerias surgem assim quando atingimos a escarpa maior. São buracos enormes e completamente escuros, onde as lanternas têm muita dificuldade em fazer penetrar a luz.
Seguem-se continuamente e em sequencia, por cima de nós, por baixo, á medida que avançamos. Buracos negros onde em alguns casos cabem dois ou três camiões lado a lado.
Somos forçados muitas vezes a seguir o contorno abobadado da entrada, já que a visibilidade não permite distinguir o outro extremo da galeria.
Algumas dessas antigas galerias têm escombros na sua entrada, advinhando algumas derrocadas. Não é de todo aconselhavel a entrada em qualquer das grutas, sem formação, preparação adequada e equipamento especifico de mergulho em gruta !!!
Das conversas com os Cave Divers que mergulharam conosco, algumas das grutas permitem mais do que 20 metros de penetração, acabando sem qualquer continuidade. Algumas têm comunicação com outras galerias, continuando a ser exploradas.















Ao fim de 1 hora estavamos no extremo oposto dando por terminado o mergulho.
Era agora altura de sairmos da agua, arrumar todo o material e dirigirmo-nos para o restaurante, onde nos esperava uma bela refeição já merecida.
Será sempre um spot de mergulho a considerar, sempre que, á semelhança deste Inverno, as condições de mar permaneçam más durante muito tempo.
Toda a area submersa permite muitas opções de mergulho e de exploração.
Muito ficou ainda por ver.

4 comentários:

ReidoLixo disse...

Muito bom post.

Adorei, continuem

SOS.MAR disse...

Oi,tudo bom me chamo Mateus,estou estreiando meu blog hoje http://sos-mar.blogspot.com,se puder entrar e dar uma olhada no meu e me seguir ficarei grato,parabéns pelo blog.

ACOPSUB disse...

ola sou de Acopiara Ceara aqui nos mergulhamos muito e criei um sit olhem ai acopsub.com.br ainda estou terminando maist ta legal

ReidoLixo disse...

Boas,

Tem as coordenadas deste local?

Agradecia resposta para r.calado @ netcabo. pt

Obrigado!


Cumps